segunda-feira, 7 de maio de 2012

A VOZ POÉTICA DO ESCRITOR CIRO TAVARES - BRASILIA/DF

Lua da tarde na nitidez do azul
derrama invisível garoa na campina,
até que se esconda o enorme projetor.
Tão clara a trajetória
que a luz do fim do horizonte deixa ver
a silhueta escura das montanhas
engolfando mares cósmicos,
ondulados de poeira morta
acima dos meteoritos desgarrados.
Apressa-te, lua vespertina,

tenho pressa.
Logo a mecânica celeste debruça
mágico lençol de azeviche,
rendilhado de desenhos luminosos.
Não demora
ou serás parte do mistério
quando desconhecido venha inesperado
ceifar minhas roseiras.
Corre sem tardar
no fictício azul
pálida janela.
Tenho pressa antes que me façam
átomo disperso
na sombria noite do universo.

Ciro José, in Balada Crepuscular

Nenhum comentário:

Postar um comentário